A realidade é que
passam tantas coisas pela cabeça nesses momentos... Olho pela janela e o
primeiro dia de primavera ainda está cinza... Contudo algumas árvores expõem suas
primeiras flores, me fazendo lembrar a constante renovação de tudo... Da persistência
da vida depois de um longo e duro inverno... E uso essa analogia (que creio ser
a analogia de Deus para momentos difíceis), para trazer esperança ao meu
coração sobre esses tempos...
O incrível é nunca pensamos que algo pode nos passar, até que passe... As epidemias e vírus ameaçadores, até agora ou era coisa de cinema ou estavam muito longe de nós. E o irônico de tudo isso é que um serzinho tão pequeno - que por muitos cientistas nem é considerado ser vivo, por não possuir célula, saindo totalmente do que diz a teoria celular que para ser considerado ser vivo, é obrigatório possuir célula – é capaz de uma transformação mundial, que vai desde o individuo, a dimensões econômicas globais. Cabendo também o livre pensamento sobre possíveis conspirações, ou não... O pensamento é livre, mas não é sobre isso que eu quero falar...
E sim sobre voltar a casa... Tanto como família, como pessoa, como seres humanos... Explico: À volta pra casa nos trouxe a uma realidade da qual havíamos esquecido... O viver em família, adiados por muitos, por compromissos dos mais diversos, foi retomado... E os dias desacelerados... A criatividade passou a ser trabalhada em conjunto para o bom aproveitamento das horas... Agora together (adoro essa palavra em inglês)... Canções passaram a ser escritas, jogos de mesa desempoeirados, receitas novas testadas, a lista de filme diminuída, as risadas multiplicadas, assim como os abraços, os beijos... Também algumas brigas, reclamações... A realidade está longe da família do comercial de Margarina, e é bem diferente, e tudo bem... O amor não acaba a pesar das diferenças...
Sem contar a nossa própria volta pra casa... Momentos de introspecção tiveram vez esses dias... Somado aos pensamentos, questionamentos como: Que lição vamos tirar de tudo isso? Será que vamos realmente aprender? Como ser parte atuante nesse processo? O que eu posso fazer para melhorar a minha vida e a do outro, agora e daqui pra frente? Será que estamos/estou no caminho certo? Os nossos sonhos ainda são os mesmos? Quais aqueles que ainda não alcançamos?... Além do reconhecimento de que somos frágeis e interligados uns com os outros e com o planeta... De que olhar para o nosso próprio umbigo não é o caminho para o sucesso ou felicidade. Que não existe paz individual se a sua volta há caos e o sofrimento do outro... Que se não tivermos fé em Deus continuamos perdidos e vazios... Que não temos o controle de tudo como, ingenuamente (ou arrogantemente), creiamos... Que muitas, mas muitas coisas escapam aos nossos dedos...
Mas o que mais me tem chamado à atenção esses dias é a união das pessoas... De quantos heróis anônimos se levantam para o bem comum... De que medidas politicas e cientificas podem ser aceleradas sim em beneficio do coletivo... De que a crença no ser humano pode ser estabelecida... De que pensar no outro também é plantar sementinhas de felicidade para que qualquer um possa colher lá na frente. De que aplausos coletivos renovam as forças para a batalha do dia seguinte...
Também nos cabe o reconhecimento de como é bom vivermos e nos relacionarmos... Andar pelas ruas, ver o dia, sentir o vento... Ver pessoas... Ter vida cotidiana... Trabalhar, ir à igreja, sair com os amigos... Tomar um café... Viver... Somos seres sociáveis... E que essa percepção trazida por esse momento de caos, apesar de tudo, nos engrandece... Somos interdependentes do outro, do planeta e dependentes de Deus... Que toda e qualquer atitude que tomarmos, não só diz respeito ao meu mundo, mas ao mundo de todos...