Hoje estava lendo uma crônica de uma autora brasileira de quem eu gosto muito chamada Martha Medeiros e me fez refletir sobre algumas coisas... Sou sua fã de carteirinha e sempre digo quando estou mergulhada em seus livros: “Caramba como pensamos igual!” Acho que a afinidade com atores, diretores, pintores, ou com qualquer pessoa vem por aí. Pela ligação na forma de pensar, reagir, por gostar de coisas parecidas... Coisas em comum naquela determinada área... E eu me identifico muito com o que ela escreve, mas vamos lá para o que me chamou atenção.
Martha em sua crônica diz escrever sobre coisas óbvias e questiona porque as obviedades andam tão necessárias?
Porque ultimamente falar, expor e até defender o óbvio tem sido cada vez mais necessário?
Na crônica ela escreve com toda sua leveza sobre ‘o obvio’, vou tomar a liberdade de citar suas palavras:
“...É que normalmente o óbvio fica soterrado sob camadas e mais camadas de autoboicotes: as pessoas se irritam por besteiras, fazem escolhas idiotas, brigam no transito, não se abrem sobre o que sentem, desperdiçam energia à toa, desrespeitam o coletivo e são refratárias a tudo o que seja simples e fácil, já que a dor, a culpa e o ódio fazem parecer que elas tem uma vida mais profunda. Felicidade é algo que todos desejam e ao mesmo tempo renegam, já que não saberiam lidar com algo que lhes deixaria tão soltos e leves. Com péssimo ibope junto à elite intelectual, a felicidade (que nada tem a ver com bobice, mas com paz de espírito) ficou associada à superficialidade, enquanto que o sofrimento produz arte e filosofia...”
Na ordem do dia estão os autobiocotes , os estresses cotidianos, aqueles realmente causados pela vida diária e aqueles que são criados... Porque vou te dizer, as pessoas estão ficando experts em transformar copos d’água em tempestades absurdas, como se não bastassem as que caem normalmente. Andam intensificando os maus tragos e refutando tudo o que é mais fácil e simples, simplesmente porque querem ser mais profundos, intensos, sérios, adultos respeitáveis, mártires, ou heróis... E creio que esse bucle realmente faz mal a quem se permite, e anda adoecendo muita gente...
Quando você diz que está feliz ou demonstra isso, logo vêm os comentários e adjetivos do tipo: Ah com a vida X, até eu , ou é uma boba , de pouco conhecimento , não se preocupa com a realidade , é inconsequente , imatura ... A felicidade ficou mais bonitinha em discursos do que na pratica e aqueles que se desprendem desse bucle são vistos como os ETs da sociedade atual, e em muitos casos até marginalizados.
Eu prefiro me encaixar nesse segundo grupo de pessoas... Sei que tenho um pouco da síndrome da Polyanna e sempre vejo o copo meio cheio, mas continuo procurado melhorar isso em mim, tentando encontrar o lado bom das coisas, mas claro, sempre racionalizando tudo e me permitindo pensamentos e atitudes mais leves (também acredito que é o que leva ou faz uma vida feliz), creio que isso faz bem a alma, ao próprio equilíbrio e principalmente evita muitas rugas... E escolher os pensamentos e a maneira como vai reagir a certas situações é um exercício diário, mas claro... Isso se tem que querer... Eu defendo as coisas simples, a simples maneira de ver a vida, ou o óbvio, citando outra vez Martha:
“...O bem estar vem de onde? Óbvio: da convivência com amigos, de relações saudáveis, de não permitir que frustrações e ressentimentos virem a tônica da vida, de não reagir com exagero diante de insignificâncias, da valorização das miudezas grandiosas do cotidiano, de sentir-se disponível para o novo e o diferente afim de enriquecer a própria existência, de aceitar mudanças, de trocar de perspectiva quando tiver obcecado por algo, de buscar evoluir...”
Também acredito que buscar a liberdade em Deus, da forma mais simples e ensinada por Jesus, nos primeiros anos e primeiros séculos do cristianismo... Onde se vivia e ensinava a essência e a verdade do amor entre as pessoas e pelas pessoas... (mesmo você sendo essa uma pessoa em seu escritório, essa uma pessoa a agir diferente em seu condomínio, até sendo essa uma pessoa em sua igreja...) Isso já faz toda diferença em você...
Que a próxima tendência seja a simplicidade e o óbvio... Para vidas mais leves e felizes...